Próximo ao ano 850 antes de Cristo viveu
na Síria um homem chamado Naamã. Ele era o comandante geral do exército do seu
país, muito respeitado pelo rei e por seus soldados. Porém Naamã tinha uma
doença muito grave: a lepra.
Um dia ele ficou sabendo que em Israel
morava um homem de Deus, o profeta Elizeu, que poderia curá-lo. Ele pediu
permissão ao seu rei, que, além de autorizá-lo a ir procurar o profeta, deu-lhe
uma carta de apresentação para ser entregue ao rei de Israel, muitos quilos de
prata e ouro, 10 mudas de roupas finas e soldados para garantir sua segurança
na viagem.
Apesar de estar precisando de ajuda,
Naamã era muito orgulhoso, por isso o profeta Elizeu nem o recebeu em sua casa
e, para quebrar seu orgulho, ordenou que ele se lavasse sete vezes no Rio
Jordão, que naquela ocasião estava barrento. Naamã resistiu, mas, por fim
obedeceu. Assim que terminou de tomar os banhos que lhe foram ordenados, ele
foi curado. Naamã ficou tão feliz que quis dar a Elizeu o ouro, a prata e as
roupas finas que havia trazido, mas Elizeu recusou o presente. Naamã insistiu,
mas Elizeu recusou novamente. Naamã agradeceu, pediu para levar um pouco de
terra (para adorar a Deus sobre ela, em respeito e sinal de reconhecimento),
louvou a Deus por ter sido curado e despediu-se do profeta.
Morava com Elizeu um aprendiz de
profeta, o jovem Geazi. Ganancioso. Quando Naamã se tinha afastado certa
distância, Geazi correu atrás dele, determinado a pegar o seu dinheiro. Ao ver
o rapaz correndo atrás de sua caravana, Naamã parou e lhe perguntou se havia
algum problema. Geazi respondeu: “Elizeu mandou-me aqui para lhe dizer o seguinte:
Assim que você saiu, dois jovens profetas chegaram de viagem à minha casa.
Dá-me tanto de prata e duas mudas de roupas finas para que eu possa ajudar
estes dois rapazes”.
Naamã deu a Geazi o dobro da quantia de
prata que ele lhe pediu e duas mudas de roupas finas e, ainda, ordenou que
alguns de seus soldados o ajudassem a carregar. Quando eles chegaram perto da
casa, Geazi dispensou os soldados e, sozinho, escondeu a mercadoria. Logo
depois, Elizeu perguntou a Geazi aonde ele tinha ido. Geazi disse que não havia
ido a lugar algum. Então, Elizeu lhe disse: “Eu sei o que você fez. Não era
ocasião para pedir ou aceitar presentes. Já que você quis ficar com a prata de
Naamã, fique também com sua lepra. E na tua família sempre haverá pessoas
leprosas; para sempre”.
E Geazi ficou leproso da cabeça aos pés.
Confira esta história na Bíblia: II Reis, Capítulo 5.
Quais lições podem tirar desta história
impressionante?
1. Existem muitas diferenças
entre o verdadeiro e o falso profeta:
1.1 - Elizeu, o profeta verdadeiro:
a)
Não
pediu, nem aceitou qualquer tipo de pagamento, oferta ou presente,
pelo fato de ter curado Naamã. Nem antes, nem depois.
b)
Não
misturava “Cura Divina” com dinheiro ou presentes.
c)
Não
se aproveitou da situação de Naamã. Jesus falou: “De graça
recebeste, de graça dai”.
d)
Não
era ganancioso, nem materialista. Elizeu amava a Deus; não o dinheiro.
1.2 - Geazi, o profeta falso:
a)
Era
ganancioso, determinado, materialista. Usou o nome de Deus e o nome do profeta
Elizeu para conseguir o que queria. Amava o dinheiro, o poder. Desejou e pediu
o dinheiro e os presentes de Naamã.
b)
Aproveitou-se
da ocasião para enriquecer.
c)
Mentiu.
O falso profeta pede ou aceita dinheiro e presentes, mas mente em
relação às suas verdadeiras intenções: ele sempre diz que o dinheiro ou os
presentes não são para ele. Geazi inventou uma história para tirar o dinheiro
de Naamã (disse que Elizeu precisava ajudar dois jovens profetas que estavam
viajando). O falso profeta sempre inventa uma “causa nobre” que precisa ser
ajudada. Esta “causa nobre” pode ser:
- Os pobres “-Ajude-nos a alimentar e vestir os pobres”;
- Os desamparados “Ajude-nos a sustentar creches, asilos,
orfanatos, etc.”;
- O próximo ”-Ajude-nos a manter no ar nossos programas de rádio ou televisão; desse jeito
você fará com que outras pessoas também nos ouça me sejam abençoadas”;
- O reino de Deus “Não é
para mim que você está dando; é para Deus”;
- Ou, até mesmo, a própria pessoa
que dá o presente ou a oferta “Exercite
a sua fé. Entregue para mim seus dízimos e ofertas, que Deus vai
lhe devolver em dobro”.
Nem todos os que pedem dinheiro são
trambiqueiros, é claro. Sempre haverá uma minoria honesta que aplica todo o
dinheiro arrecadado naquilo para o quê pediram, mas a grande verdade é que a
maioria irá descaradamente rechear suas carteiras, aumentar seu patrimônio e
seu poder sobre seus ouvintes e sustentar seus estilos de vida e seus sonhos e
manias de grandeza.
2. Nada ficará encoberto.
Jesus avisou que tudo o que os homens
fizessem às escondidas seria anunciado sobre os telhados. Deus mostrou para
Elizeu a sujeira de Geazi. De igual modo, Deus tem mostrado as sujeiras dos
falsos profetas. A todo o momento aparecem novas denúncias nos “telhados do
mundo”: nas rádios, televisão, internet, jornais e revistas, e nas conversas
entre amigos e vizinhos.
Eles estão causando vergonha ao nome de
Jesus, mas, eles mesmos serão envergonhados diante de Deus, seus anjos e de
todos os seres humanos, no dia do Juízo Final. Em Mateus 7.22-23, Jesus
diz: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor,
Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu
nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.”
3. Os falsos
profetas já estão ou acabarão ficando doentes.
Geazi ficou com o dinheiro de Naamã, mas
ficou também com sua doença. Todos os falsos profetas já estão ou ficarão
doentes. Eles perderam a essência do Cristianismo. Tornaram-se “mercenários da fé”. Alguns estão
milionários, mas todos eles estão apodrecendo por dentro. São materialistas,
hipócritas e mentirosos e, é claro, sabem disso.
4. Falsos profetas
geram novos falsos profetas.
Elizeu profetizou contra Geazi: “na tua família sempre haverá pessoas
leprosas; para sempre.” Acerca destas pessoas, a Bíblia afirma: “estão enganados e enganando a outros”. Profetas
falsos, mentirosos, hipócritas, mercenários, produzirão outros iguais a ele
mesmo.
5. Os resultados do
milagre na vida de uma pessoa.
Quando um verdadeiro homem de Deus faz
uma oração e uma pessoa é curada, esta pessoa passa a ser um seguidor de Jesus.
Veja o exemplo de Naamã: após o milagre, ele passou a adorar a Deus.
Mas, quando um falso profeta ajuda uma
pessoa, esta pessoa passa a ser seguidor do falso profeta, vira uma espécie de
escravo, um fanático. Torna-se incapaz de ouvir qualquer crítica aos seus
líderes. Quando a imprensa ou alguma pessoa faz uma denúncia, ele retruca e
alega que seus líderes “estão sendo
perseguidos por causa da sua fé”. Estão tão cegos com as mentiras dos
falsos profetas que sequer percebem o quanto seus líderes estão corrompidos. É
verdade: muitos deles estão sendo “perseguidos”
pela mídia, pela polícia, pelo Fisco, pelos tribunais, mas não por
causa da sua fé, mas por serem refinados vigaristas.
6. Não dê dinheiro
para as “causas nobres” dos falsos profetas.
Apenas uma parcela mínima do que é
arrecadado pelos falsos profetas é aplicado naquilo que eles dizem. Se você
quer realmente ajudar as pessoas, vá pessoalmente aos asilos, aos projetos
sociais, às creches, aos orfanatos, às casas de recuperação e afins e,
verificando que o trabalho que está sendo feito naquele lugar é sério,
ajude-os, não só com seu dinheiro, mas, também, se for possível, como
voluntário.
Cuidado também com as promessas de ganho
fácil (“Não tenha medo de dar, pois Deus
vai devolver em dobro.”). Lembre-se: O peixe morre pela boca. Todos os
vigaristas do mundo usam este mesmo golpe: eles fazem suas vítimas acreditarem
que vão sair lucrando. Não gaste seu dinheiro naquilo que não é pão, não dê seu
suado dinheiro para vigaristas.
Ninguém precisa comprar a benção de
Deus. A história de Naamã deixa bem claro que não existe nenhuma ligação entre
o dinheiro e a cura divina. Tudo o que Jesus fez e faz por nós é de graça.
Ninguém precisa fazer votos, promessas ou sacrifícios para obter de Deus
qualquer favor.
Deus é Pai, e concede Sua graça a todos
os que crêem de todo o coração em Seu Filho Amado, o nosso Senhor Jesus Cristo.
Que Deus em Cristo tenha misericórdia do
seu povo
Pr. Capelão Edmundo Mendes Silva