sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Usando O Nome De Deus Em Vão

Um dos pecados mais comuns hoje em dia, para o qual poucas pessoas atentam, é o uso do nome de Deus em vão. A Bíblia afirma que usar o nome de Deus em vão é pecado e enfatiza que Deus condena tal prática (Êx 20.7 “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão”). Logo, devemos evitar tal uso em nossa vida. Mas o que é usar o nome de Deus em vão?

Usar o nome de Deus em vão significa que o cristão não pode referir-se a Deus de forma vã, leviana, sem propósito ou desrespeitosamente. Não se pode usar o nome de Deus de toda forma. Não se deve banalizar o nome de Deus. Porém, não são poucos os que usam o nome de Deus, por exemplo, em piadas muitas vezes desprezíveis, num ato de desrespeito total à santidade de Deus. Outros usam para justificar pecados pessoais e/ou sustentar mentiras, tais como:
  • Dizendo que Deus falou, quando Ele nunca disse nada. Is 29.15 “Porquanto dizeis: Fizemos pacto com a morte, e com o Seol fizemos aliança; quando passar o flagelo trasbordante, não chegará a nós; porque fizemos da mentira o nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos” ;  Is 59.3 “Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniqüidade; os vossos lábios falam a mentira, a vossa língua pronuncia perversidade”. Jr 27.16 “Então falei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Não deis ouvidos às palavras dos vossos profetas, que vos profetizam dizendo: Eis que os utensílios da casa do senhor cedo voltarão de Babilônia; pois eles vos profetizam a mentira.
  • Ministérios criados e formados pela mentira. Jr 28.15 “Então disse o profeta Jeremias ao profeta Hananias: Ouve agora, Hananias: O Senhor não te enviou, mas tu fazes que este povo confie numa mentira.
  • Profetas se promovendo na mentira.  Ez 22·28 “E os profetas têm feito para eles reboco com argamassa fraca tendo visões falsas, e adivinhando-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado”.
  • Pastores e lideres que se fizeram a si mesmo. Jr 50.6 “Ovelhas perdidas têm sido o meu povo; os seus pastores as fizeram errar, e voltar aos montes; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar de seu repouso”; Ef 4.11 “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres”
FORMAS “SUTIS” DE TOMAR O NOME DO SENHOR EM VÃO:
Na Bíblia “vão” significa “vazio”, “sem conteúdo”, “sem valor”, “não produtivo”. Pronunciar o nome de Deus em vão demonstra um desprezo para com o Deus Todo-Poderoso, que é um Deus de plano e propósito.

1. Com irreverência – Ef 5.3,4: “…palavras vãs ou chocarrices…”. São todas aquelas formas de falar, aquelas frases irreverentes que usamos que incluem o nome santo de Deus. Como é comum e inconsequente soltarmos um “o Deus do céu esta neste negocio”, “o Senhor Deus mandou-te dizer”. Se for realmente isto que Deus esta falando, então não tem problema. Mas se for apenas uma “força de expressão” ou comentário descuidado, aí é outra coisa! E Deus não é, e nunca foi desocupada, a coisa vai pegar!
Ap 22.15 “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira”.

2. Com hipocrisia (Is 48.1 Ouvi isto, casa de Jacó, que vos chamais do nome de Israel, e saístes dos lombos de Judá, que jurais pelo nome do Senhor, e fazeis menção do Deus de Israel, mas não em verdade nem em justiça”) –  São pessoas que se chamam pelo nome de Deus, mas não vivem sinceramente na presença de Deus. Professar e cantar publicamente, mas em casa não viver a verdade que confessa.

3. Como uma falsa imagem – Usamos em vão o nome de Deus quando usamos Deus como espantalho na educação dos filhos, quando, por exemplo, ameaçamos dizendo: “Deus está te vendo! Deus vai te castigar!”.
•   Com esses abusos do nome de Deus, muitas pessoas foram feridas na sua infância.  A imagem curadora de Deus se transforma numa imagem ameaçadora, vingativa e muito exigente.

4. Como forma de manipular – Quando se usa o nome de Deus para manipular (Engendrar, forjar, maquinar/ Controlar; dominar) as massas:
a. Política (“guerras santas”);
b. Religião (manipulação; intimidação);
c. Intolerâncias;
d. Na igreja: o famoso “Deus me falou”, “to sentindo de Deus”!.

5. Como um chavão – Quando alguém usa o nome de Deus ou de Jesus Cristo como obscenidades – ou como expressões convenientes de raiva, frustração ou medo –, essa pessoa ainda não teve nenhum vislumbre real da majestade, santidade e maravilha de Deus. Jamais devemos usar o nome de Deus de maneira frívola ou mecanicamente.

Fazem um juramento falso, não pela ignorância, mas consciente, sabendo que é contrário ao segundo mandamento. Fazendo isso ele está invocando a Deus para ser testemunha de sua mentira. E Deus não é o pai da mentira! Jo 8.44 “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira”.

O perjúrio é uma falta de respeito para com Deus. Consiste em fazer um juramento que não se pode ou, depois de algum tempo não se tem a intenção de cumpri-lo. Não se pode também fazer um juramento para realizar-se uma obra má. Mais é o que mais esta acontecendo

Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, expõe o segundo mandamento: "Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: 'Não jure falso, mas cumpra seus juramentos para com o Senhor'. Eu, porém, lhes digo: 'Não jurem de modo algum: nem pelo Céu porque é o trono de Deus; ... diga apenas 'Sim' guando é 'Sim' e 'Não' quando é 'Não'. O que você disser alem disso vem do maligno" (Mt 5,33-34.37).

O que estamos vendo hoje é a pura mediocridade, falsidade escancarada de um bom número de “pastores e lideres”, cuja facilidade de serem é só fazerem um curso teológico e já recebem uma credencial para tal função, mas em colocar esta função em exercício ai é revelado!  Que Deus não os chamou, não revelou, não falou nada a seu respeito e nem aprovou.

Os homens sempre quiseram alentar o seu ego e ter um status em qualquer grupo social ou religioso, mas o que esta acontecendo nesta pós-modernidade e o absurdo do obvio. O jeitinho brasileiro esta também nas grandes instituições religiosa para aprovar o que Deus não disse absolutamente nada. E ai! Estamos com um “grupo de lideres”, totalmente despreparado, desrespaldado e desaprovado. Pois o Senhor Deus desses nada falou.
Deveríamos segui os exemplos bíblicos, mas parece que demora muito para que eu seja reconhecido nas convenções! E ai!  “vamos da uma ajuda ele merece” E respondeu Amós, e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boieiro, e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado, e o Senhor me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel”. Amos 7 14,15

Interessante é que todos os que querem ser ofuscado pelos holofotes da vaidade e da vangloria, não estão preparados para pagar o preço de seus ministérios, a saber:
“não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; antes em tudo recomendando-nos como ministros de Deus; em muita perseverança, em aflições, em necessidades, em angústias, em açoites, em prisões, em tumultos, em trabalhos, em vigílias, em jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por má fama e por boa fama; como enganadores, porém verdadeiros; como desconhecidos, porém bem conhecidos; como quem morre, e eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; como entristecidos, mas sempre nos alegrando; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo tudo”. 2 Co 3-10

Que Deus em Cristo ilumine os nossos olhos para não andarmos nas trevas.

Pr. Capelão Edmundo Mendes Silva

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

As Divisões da Igreja de Corinto – Retrato de Hoje

Apesar de ser uma igreja que se via como espiritual (1 Coríntios 3.1 “E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo”) e de ser voltada para a busca de dons carismáticos (1 Coríntios 12.31; 14.1; 14.12), a igreja de Corinto estava na iminência de dividir-se em pelo menos quatro pedaços. Paulo, ao escrever-lhes, menciona que tem conhecimento de quatro grupos dentro da comunidade que ameaçavam a sua unidade:
1.     Os de Paulo,
2.     Os de Pedro,
3.     Os de Apolo
4.   E os de Cristo (1 Coríntios 1.11-12 “Pois a respeito de vós, irmãos meus, fui informado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo”).

A igreja de Corinto, com seu espírito faccioso e divisionista, a despeito de sua pretensa espiritualidade, ficou na história como um alerta às igrejas cristãs de todo o mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu.

Para aprendermos a lição, devemos primeiramente entender o racha que estava por acontecer naquela igreja. E não é um desafio fácil determinar com relativa certeza a natureza e identificação de cada um dos grupos mencionados por Paulo em 1 Coríntios 1.12.

Uma explicação popular é a dos partidos teológicos. Para alguns estudiosos, os aderentes de Pedro, Paulo e Apolo haviam-se agrupado em torno das suas doutrinas distintas, formando uma divisão rígida dentro da igreja. Estes grupos se caracterizavam por manter as ênfases doutrinárias características daqueles líderes.
Geralmente se ouve falar que:
  • Os de Pedro mantinham um Cristianismo judaico rígido e intolerante, até meio legalista.
  • Os de Paulo eram mais abertos, enfatizando a salvação pela fé sem as obras da lei,
  • Os de Apolo seguiam a hermenêutica alegórica do eloquente alexandrino.


A realidade é que não há qualquer indício em 1 Coríntios 1-4 da existência de partidos teológicos. A relação entre a teologia dos líderes favoritos e a formação destes partidos em torno de seus nomes é altamente especulativa.
O que se percebe é que havia a escolha pessoal de cada coríntio de um líder favorito, de quem ele se vangloriava de ser discípulo (1 Coríntios 1.12 “Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo” ; 3.21 “ Portanto ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso”).
As contendas se davam porque cada um deles afirmava que seu eleito era o melhor (3.21, 4.6). Percebemos ainda que existe uma relação estreita entre o apego à filosofia grega e a formação dos partidos em 1 Coríntios 1-4. Os slogans “eu sou de...” soam como culto à personalidade, um erro no qual crentes neófitos e imaturos caem com frequência.

No caso dos coríntios em particular, esse culto à personalidade tinha recebido um impulso adicional da sua tendência, como gregos, de exaltar os mestres religiosos ao status de theioi anthropoi, “homens possuindo qualidades divinas”. As principais escolas filosóficas da Grécia costumavam invocar o nome de seus fundadores e principais mestres. Esse costume poderia explicar a vanglória dos coríntios em seguir Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o Mestre de todos, Cristo.
Os slogans usados pelos coríntios (“eu sou de...”) ratificam esse ponto. O problema tinha a ver com a tendência comum de alguns crentes de venerar líderes cristãos reconhecidos. Com exceção de Cristo, os nomes escolhidos pelos coríntios são de um apóstolo (Pedro e Paulo) ou de alguém associado com eles (Apolo):
Paulo era o fundador apostólico da igreja (4.15); Apolo, por sua vez, embora não considerado no Novo Testamento como um apóstolo, era um pregador eloqüente e tinha desenvolvido um ministério frutífero entre os coríntios, depois da partida de Paulo (3.6, cf. At 18.24-28, 19.1);
E Pedro era o conhecido líder dos apóstolos, e muitos possivelmente teriam sido atraídos a ele, embora não seja certo que alguma vez ele haja visitado a igreja de Corinto.
Os “de Cristo” são notoriamente difíceis de identificar. Embora a escolha do nome de Cristo tenha sido possivelmente uma reação ao partidarismo em torno de nomes de homens, os seus aderentes nada mais são que outro partido. Eles se vangloriavam de que seguiam a Cristo somente, e não a homens, mesmo que estes fossem apóstolos.

Paulo os teria criticado pela forma facciosa com a qual afirmavam esta posição aparentemente correta. É provável que os membros do partido “de Cristo” eram os mesmos “espirituais”, um grupo na igreja que se considerava “espiritual” (cf. 3.1; 12.1; 14.37). Para eles, o conceito de ser “espiritual” estava relacionado com o uso dos dons espirituais, principalmente de línguas e de profecia. Este grupo, por causa do acesso direto que julgava ter a Deus, através dos dons, teria considerado desnecessário o ministério de Paulo, tinham-no em pouca conta, e mesmo queriam julgar a sua mensagem (1 Coríntios 4.3; 4.18-21; 8.1-2; 9.3). Esse seria o grupo “de Cristo,” cujos membros (em sua própria avaliação) não dependiam de homem algum, mas somente e diretamente do Senhor, através dos dons. Paulo faz pouco caso das suas reivindicações, e considera a igreja toda como sendo “de Cristo” (cf. 3.23; 2 Coríntios 10.7).

É o próprio Paulo, entretanto, quem nos revela a causa interna principal para as divisões entre os coríntios:
São essas, a saber: Eles ainda eram carnais (1 Coríntios 3.1-4 “E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Leite vos dei por alimento, e não comida sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda agora podeis; porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; não sois apenas homens?” ; cf. Gálatas 5.20 “a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos”). Esta carnalidade, embora deva ser interpretada primariamente como imaturidade, em contraste aos “maduros” ou “perfeitos” (1 Coríntios 2.6 “Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada”), carrega uma conotação ética, como a expressão “andar segundo os homens” (1 Coríntios 3.3 “porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens?”) indica.

Podemos concluir que os partidos de Paulo, Apolo, Cefas e Cristo, que estavam rachando a igreja de Corinto, não eram partidos teológicos, isto é, aglutinados em torno da suposta teologia de cada um destes nomes. Mais provavelmente, os partidos se formaram a partir das preferências pessoais dos coríntios individualmente, tendo como impulso a sua imaturidade, sua carnalidade, e sua tendência, como gregos, de exaltar mestres religiosos. O partido de Cristo, por sua vez, havia se formado por outro motivo, a enfatuação religiosa produzida pelos dons carismáticos.
A situação triste da igreja de Corinto nos fornece um retrato do espírito divisivo que ainda hoje permeia as igrejas evangélicas. É um texto básico para ser pregado e ensinado nas igrejas e seminários. Embora haja momentos em que uma divisão seja necessária (quando, por exemplo, uma denominação abandona as Escrituras como regra de fé e prática), percebemos que as causas do intenso divisionismo evangélico no Brasil são intrinsecamente corintianas: imaturidade, carnalidade, culto à personalidade, orgulho espiritual, mundanismo. Nem sempre os líderes são culpados do culto à personalidade que crentes imaturos lhes prestam. Paulo, Apolo e Pedro certamente teriam rejeitado a formação de fã-clubes em torno de seus nomes. De qualquer forma, os líderes evangélicos sempre deveriam procurar evitar dar qualquer ocasião para que isto ocorra, como o próprio Paulo havia feito (1 Coríntios 1.13-17 “será que Cristo está dividido? foi Paulo crucificado por amor de vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo? Dou graças a Deus que a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio; para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. É verdade, batizei também a família de Estéfanas, além destes, não sei se batizei algum outro. Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo). Infelizmente, o conceito de ministério que prevalece em muitos quartéis evangélicos de hoje é exatamente aquele que Paulo combatia em 1 Coríntios.
 
Que Deus em Cristo tenha misericórdia de todos nos e que possamos esta vivendo dignamente com Cristo e sua Palavra.


Pr. Capelão Edmundo Mendes Silva